Imaginemos certo número de navios, em diferentes
ocasiões e provenientes de lugares diversos, dirigindo-se ao mesmo porto. Há
algumas coisas em que todos eles se igualariam: a bússola pela qual se
orientam, o porto que têm em vista e as regras gerais de navegação seriam as
mesmas. Em outros particulares, eles difeririam. Talvez não houvesse dois deles
que tivessem de enfrentar a mesma distribuição de ventos e as mesmas condições
atmosféricas. Alguns vemos partir com vento favorável, mas, quando já pensavam
que a travessia seria completada em segurança, eis que são batidos por rajadas
adversas. Depois de suportar muitos reveses e perigos e freqüentes expectativas
de naufrágio, escapam por pouco e alcançam o porto.
Outros encontram as maiores dificuldades no começo
da viagem. Partem em meio a uma tempestade, e por muitas vezes são obrigados a
recuar; finalmente sua viagem encontra ventos favoráveis, e aportam com uma
carga rica e abundante. Alguns são duramente assediados por fragatas e
inimigos, sendo obrigados a lutar para abrir passagem. Outros se defrontam com
poucas coisas notáveis em sua travessia.
Não sucede assim na vida espiritual? Todos os
crentes verdadeiros orientam-se pelas mesmas regras e obedecem às mesmas
coisas: a Palavra de Deus é uma bússola; Jesus é tanto sua estrela polar como
seu sol de justiça; seus corações e seus rostos estão todos voltados na direção
de Sião. Os crentes verdadeiros são como um só corpo, animado por um único
Espírito; apesar disso, a sua experiência, baseada nesses princípios comuns,
está longe de ser uni- forme. O Senhor, no seu primeiro chamamento e nos seus
atos providenciais subseqüentes, atenta para a situação, o temperamento e os
talentos de cada um, bem como para os serviços ou provas especiais que lhes
designou. Todos são provados ocasionalmente, a despeito de que alguns
atravessam o mar da vida muito mais suavemente do que outros. Mas Aquele que
“anda sobre as asas do vento e mede as águas na concha de sua mão” não
permitirá que alguém sob seu encargo pereça na tempestade, embora, por algum
tempo, seja possível que muitos deles cheguem ao ponto de perder as esperanças.
Não devemos, portanto, fazer da experiência alheia,
em todos os sentidos, uma regra para nós mesmos, nem fazer da nossa própria
experiência uma regra para os outros. Trata-se de erros comuns, os quais geram
muitos outros enganos. Meu caso foi extraordinário; quase não pude encontrar
outro semelhante ao meu. Poucos, bem poucos, se têm recuperado de tão terrível
estado. Os poucos que têm sido assim favorecidos geralmente têm passado pelas
mais severas provas; mas, depois que o Senhor lhes proporciona a paz, suas
vidas daí por diante usualmente têm sido mais zelosas, reluzentes e exemplares.
Fonte: Editora Fiel
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