sábado, 3 de junho de 2017

Parábola de um Homem do Mar - John Newton



Imaginemos certo número de navios, em diferentes ocasiões e provenientes de lugares diversos, dirigindo-se ao mesmo porto. Há algumas coisas em que todos eles se igualariam: a bússola pela qual se orientam, o porto que têm em vista e as regras gerais de navegação seriam as mesmas. Em outros particulares, eles difeririam. Talvez não houvesse dois deles que tivessem de enfrentar a mesma distribuição de ventos e as mesmas condições atmosféricas. Alguns vemos partir com vento favorável, mas, quando já pensavam que a travessia seria completada em segurança, eis que são batidos por rajadas adversas. Depois de suportar muitos reveses e perigos e freqüentes expectativas de naufrágio, escapam por pouco e alcançam o porto.
Outros encontram as maiores dificuldades no começo da viagem. Partem em meio a uma tempestade, e por muitas vezes são obrigados a recuar; finalmente sua viagem encontra ventos favoráveis, e aportam com uma carga rica e abundante. Alguns são duramente assediados por fragatas e inimigos, sendo obrigados a lutar para abrir passagem. Outros se defrontam com poucas coisas notáveis em sua travessia.
Não sucede assim na vida espiritual? Todos os crentes verdadeiros orientam-se pelas mesmas regras e obedecem às mesmas coisas: a Palavra de Deus é uma bússola; Jesus é tanto sua estrela polar como seu sol de justiça; seus corações e seus rostos estão todos voltados na direção de Sião. Os crentes verdadeiros são como um só corpo, animado por um único Espírito; apesar disso, a sua experiência, baseada nesses princípios comuns, está longe de ser uni- forme. O Senhor, no seu primeiro chamamento e nos seus atos providenciais subseqüentes, atenta para a situação, o temperamento e os talentos de cada um, bem como para os serviços ou provas especiais que lhes designou. Todos são provados ocasionalmente, a despeito de que alguns atravessam o mar da vida muito mais suavemente do que outros. Mas Aquele que “anda sobre as asas do vento e mede as águas na concha de sua mão” não permitirá que alguém sob seu encargo pereça na tempestade, embora, por algum tempo, seja possível que muitos deles cheguem ao ponto de perder as esperanças.
Não devemos, portanto, fazer da experiência alheia, em todos os sentidos, uma regra para nós mesmos, nem fazer da nossa própria experiência uma regra para os outros. Trata-se de erros comuns, os quais geram muitos outros enganos. Meu caso foi extraordinário; quase não pude encontrar outro semelhante ao meu. Poucos, bem poucos, se têm recuperado de tão terrível estado. Os poucos que têm sido assim favorecidos geralmente têm passado pelas mais severas provas; mas, depois que o Senhor lhes proporciona a paz, suas vidas daí por diante usualmente têm sido mais zelosas, reluzentes e exemplares.


Fonte: Editora Fiel

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